sexta-feira, 22 de maio de 2009

A Civlização Ocidental Salvou o Mundo da Escravidão

Volta e meia eu ouço a velha história de que a suposta “raça branca” (seja lá o que essa bobagem quer dizer) tem uma dívida histórica com a “raça negra” (seja lá o que isso quer dizer). Afinal de contas, dizem eles, os “brancos” escravizaram os “negros” durante vários séculos. Portanto, é lógico que os que escravizaram devem alguma reparação a quem foi escravizado.

Sem querer entrar no mérito de como reparar alguém que já morreu a muito tempo tirando algo de alguém que também já morreu a muito tempo (a menos que vocês conheçam um ex-escravo ou um ex-dono de escravos que esteja vivo), ainda sim essa história me parece não ter nenhum cabimento. Pra falar a verdade, são exatamente os “candidatos a escravos” que devem muito a Cvilização Ocidental. Deixe-me explicar:

Em primeiro lugar, a escravidão não foi inventada por “europeus brancos”. E não foi mesmo. A escravidão é uma das instituições mais antigas da humanidade (tão antiga quanto a Bíblia Sagrada) e foi praticada por virtualmente todas as civilizações que habitam ou já habitaram este planeta. Quase todos os povos já escravizaram ou foram escravizados por outros povos. Havia até mesmo escravidão por dívida cometida entre a própria civilização. Negros escravizaram negros, brancos escravizaram brancos, brancos escravizaram africanos e africanos escravizaram brancos. Sim, isso mesmo que eu escrevi. Norte-Africanos escravizaram brancos do Meditarrâneo por volta de 1530 a meados de 1700, vá pesquisar a respeito. Portanto, a escravidão nunca foi a respeito da raça, mas sim de submissão do militarmente mais fraco. Os romanos tinham o hábito escravizar os povos conquistados, por exemplo.

Se por um lado não foram os “europeus” ou os Ocidentais que inventaram a escravidão, por outro foram apenas eles que decidiram acabar com ela. Exatamente. A escravidão acabou em primeiro lugar na Europa Ocidental, com o advento do Cristianismo. A moralidade cristã, principalmente a idéia de que todos os homens foram criados iguais perante Deus, foi uma das mais poderosas armas anti-escrivadão. Aliás, até hoje é esse o princípio por trás da proibição da escravidão (afinal, eu nunca vi nenhum argumento “materialista-evolucionista-darwiniano” que fosse anti-escravidão, muito pelo contrário. Do ponto de vista simplesmente materialista, não há nenhuma objeção em subjugar o mais fraco).

Finalmente, foi justamente um movimento cristão evangélico (promovido pelos Quakers) na Inglaterra, durante a Revolução Industrial, que fez campanhas e conseguiu banir a escravidão da Inglaterra e de suas colônias, além de proibir o tráfico de escravos em geral (não apenas dos ingleses). O cristianismo, uma das bases da civilização Ocidental, por si só e também influenciando outros pensadores liberais clássicos, conseguiu tornar a escravidão ilegal em todos os países onde foi dominante.

Isso definitivamente não é pouca coisa. Conseguir abolir uma das mais antigas instituições da humanidade, e que era extremamente comum entre todos, não é uma tarefa fácil. A declaração de independência e a constituição Americana juntas afirmavam o fato totalmente contra intuitivo de que todos os homens foram criados iguais e, por conseqüencia disso, tem igualmente o direito à liberdade, à vida e a busca da felicidade. Mesmo sendo guiado por esse princípio, os EUA só conseguiram abolir a escravidão em todos os seus estados através de uma guerra civil que matou 600 mil americanos.

Abolir a escravidão foi um feito inédito por dois motivos. Primeiro porque, como já foi dito, ela era uma das instituições mais antigas da humanidade e segundo porque foi a decisão de abolir tal instiuição foi tomada pela civilização dominante. Pense a respeito. É muito fácil abolir a escravidão sendo uma nação ou povo fraco militarmente. Nesse caso, a escravidão não é praticada por incapacidade e não por falta de vontade. Entretanto, a Civilização Ocidental até hoje é a que domina não só militarmente, mas também culturalmente o mundo todo. A princípio, não haveria nenhuma vantagem em abolir a escravidão.Ela poderia muito bem continuar, dominando povos que não conseguem se defender. Foram apenas os principios e valores morais que fizeram com que a abolição se tornasse uma necessidade vital e que criou uma repulsa a qualquer prática de escravidão, de tal forma que hoje mesmo brancos acabam esquecendo disso e inventam essa suposta “dívida histórica” com os escravos do passado.

Pra mim isso é um absurdo. Se alguém tem que agradecer a alguém são os povos que, só foram libertados da escravidão, porque as idéias do Ocidente acabaram chegando a seus países, como por exemplo no continente africano, que praticava (e em alguns países pratica até hoje) a escravidão, mas que terminou graças ao Cristianismo e suas influências no pensamento Ocidental.

2 comentários:

Unknown disse...

Caro Guilherme Stein,

sou Antonio Fernando Borges, escritor, jornalista e, atualmente, Diretor
Cultural do Farol da Democracia Representativa -- não sei se você
conhece....
Viajando na internet, descobri o Cerc e gostei de seu texto A Civilização
Ocidental Salvou o Mundo da Escravidão. Venho então pedir permissão para
reproduzi-lo em nosso site, com as devidas fontes e méritos, ça va sans
dire... Só não temos (hélas!) cachê a oferecer...

Pelos links no seu blogue, vejo que temos muito em comum (aliás, costumo
publicar alguns artigos no OrdemLivre).

Caso queira nos conhecer, http://www.faroldademocracia.org/.

Desde já, obrigado pela atenção e parabéns pelo texto claro e corajoso.

Abraço forte e fraterno do

Antonio Fernando Borges

Unknown disse...

A escravidão acabou por causa das máquinas que substituirão o trabalho humano no caso dos escravos, e não por razões humanitárias