terça-feira, 30 de junho de 2009

Encontro 10 de junho


No encontro de hoje tivemos a enorme oportunidade de ter como nosso palestrante Hélio Beltrão, fundador do Instituto Ludwig Von Mises Brasil.

O tema da palestra foi "A Crise do Crédito: Suas Origens e Desdobramentos".

Como origens, Hélio nos explicou como a bolha de crédito foi criada a partir da injeção de dinheiro na economia pelo FED, a garantia de salvamento de bancos que quebrassem e a política das government sponsored enterprises Freddie Mac & Fannie Mae, anulando o risco para empréstimos para habitação, entre outros fatores. Isso criou incentivos para que os bancos concedessem empréstimos mais arriscados e criassem pacotes de hipotecas podres que recebiam rating AAA, dado por empresas de rating que também agiam sob estes incentivos desvirtuados.

A então proposta de aumento da regulamentação dos bancos por uma atitude supostamente "irresponsável e gananciosa" é perigosa, pois não leva em consideração o fato de que o próprio banco central americano foi um dos principais responsáveis pela crise.

Alguns dos principais possíveis desdobramentos previstos pelo Hélio estão a perda de crédito dos títulos do tesouro americano, provocado pela inflação destes para cobrir o déficit público. Quanto ao Brasil, seria um bom momento para aproveitar, como não foi tão afetado pela crise quanto à outros países e os juros, apesar de ainda altos, nunca estiveram tão baixos.

O CERC deixa para download a apresentação em powerpoint apresentada junto com a gravação da palestra, para que quem perdeu possa ter acesso à informação.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Encontro 3 de junho

Presentes: Bruno Becker, Pamela Espinosa, Anthony Ling, Júlio Frota, Bruno Lauda, Eduardo Danelon, Tales Dominot, Joana Zanon, Marcos Iolovitch, Luiza Leão e Pedro Moreira (via Skype), Marcelo

O Júlio nos apresentou hoje o livro, ou o início do livro, "Defending the Undefendable: The pimp, prostitute, scab, slumlord, libeler, moneylender and other scapegoats in the rogue's gallery of American society", do Walter Block.

Na falta de um assunto definido para a apresentação de hoje, o tema não poderia ser mais interessante (e divertido). No livro, o autor sai em defesa de atividades consideradas ilícitas ou imorais, mostrando como elas são resultantes de acordos mútuos entre indivíduos e, na realidade, benéficas para a sociedade como um todo.

No resumo deste evento trataremos de assuntos moralmente ofensivos para alguns leitores, que podem optar por não o ler.

Block parte do princípio de que não é papel do estado interferir na esfera moral do indivíduo. Assim, ele vê a prostituição, por exemplo, como algo benéfico para a sociedade, onde há uma troca mutualmente benéfica entre indivíduos adultos, que não deve ser marginalizada ou criminalizada, pois acarretaria na diminuição do bem-estar geral da população.

O cafetão, por sua vez, não está explorando a prostituta, pois, outra vez, estabelece um contrato benéfico tanto para ele quanto para a prostituta. Tempo para achar clientes é poupado para ambos, e o cafetão estabelece um certo "padrão de qualidade" de suas prostitutas.

A violência que associamos à estas profissões não está instrinsicamente ligada à ela: é a marginalização dela que a torna perigosa. O autor ainda julga a profissão do cafetão como mais honrosa que as demais pelo fato de não se beneficiar de nenhum subsídio ou barreira de entrada imposta pelo governo.

Também tratamos do tema do traficante de drogas e do usuário de drogas. A proibição das drogas gera um custo muito alto para ela. A heroína, droga analisada pelo autor, teria um custo extremamente baixo (comparado com milho e batatas) sem considerar o custo da proibição. A grande utilidade dos traficantes seria de manter este preço baixo.

Block, seguindo seu princípio básico, defende que não devemos seguir a idéia de proibir os indivíduos (usuários) a encolher sua expectativa de vida pelo uso de drogas por livre espontânea vontade, assim como não podemos proibi-los de tomar qualquer tipo de risco à sua vida (como praticar esportes radicais, por exemplos).

O debate seguiu no caminho da manutenção da ordem social contra os valores morais de liberdade individual. Alguns acreditam que o custo social do uso de drogas, por exemplo, é demasiado grande para ser legalizado, por isso deve ser mantida a ordem através de medidas governamentais. Também argumentam que, no caso da heroína, a droga pode tornar a pessoa agressiva e fazê-la agir contra a liberdade de terceiros, como no caso do motorista sob efeito alcólico.

Porém, outros argumentam que o custo social da proibição das drogas, como no caso brasileiro, é muito maior do que se legalizada, usando como exemplo básico a guerra do tráfico e o domínio das favelas por máfias no Rio de Janeiro. Também argumentam, assim como o autor, que cabe ao indivíduo decidir quais os riscos que ele irá tomar, seja isso prejudicial à ele ou não. O pressuposto que deve existir uma ordem superior governamental que controla a vida dos indivíduos, pois eles não são totalmente racionais e não sabem tomar as decisões "corretas" acaba sendo incoerente pelo próprio fato de o governo ser gerido, também, por indivíduos irracionais. Este princípio também abre caminho para regimes autoritários ditatoriais, alguns extremos como a Alemanha nazista, de Hitler, outros nem tanto porém mascarados, como a Bolívia de Evo Morales.

No encontro da semana que vem teremos uma palestra especial do Hélio Beltrão, do Instituto Ludwig Von Mises Brasil. Hélio apresentará uma análise sobre a crise econômica atual do ponto de vista da Escola Austríaca, chamada "A crise do crédito, suas origens e desdobramentos"

Encontro 27 de maio

Presentes: Fábio, Anthony, Rafael, Júlio, Bruno Becker, Luiza, Eduardo Danelon

Em um hiato de seus estudos na Universidade de Georgetown, no Global Competitiveness Leadership Program, Fábio Ostermann nos apresentou hoje o tema "Administração Obama: Fatos e Perspectivas", ressaltando pontos positivos e negativos, em sua opinião, da atuação do atual presidente americano.

São eles:

Pontos Negativos:

- Bailout: pode chegar a U$13 trilhões.
- Intervenção em empresas sem precedentes nos EUA: caso da GM, que já tinha problemas administrativos há muitos anos.
- Plano de obras públicas para sair da crise: medida keynesiana que diminui a eficácia de investimento dos recursos (levando o princípio ao extremo, imagine planejar cavar e tapar buracos para "gerar empregos").
- Ampliação do Welfare State: Programas assistenciais e sistema universal de saúde pública.
- Aumento de impostos e impressão de dinheiro: necessário para sustentar o aumento dos gastos.
- Não-priorização aos Tratados de Livre Comércio: A volta à política do "Buy American" para retomada da economia interna, sendo muito ruim, principalmente, para países latinoamericanos.

Pontos Positivos:
- Relação com Cuba: Direcionamento para fim do embargo e fechamendo da prisão da baía de Guantanamo.
- Drogas: Sendo ele mesmo, abertamente, um ex-usuário de maconha e já tendo experimentado outras drogas consideradas ilícitas, o presidente tende a aumentar a liberdade sobre o uso de drogas, principalmente de forma medicial, e delegar este poder de decisão para os estados.

No fim do evento, o Fábio distribuiu alguns "brindes" que ele juntou durante seu período em Washington. Apesar de partir logo depois, o Fábio volta no fim do semestre a participar regularmente das reuniões do CERC.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Encontro 20 de maio

Presentes: Luiza, Júlio, Bruno, Anthony, Joana, Pamela, Tales, Pedro

O evento de hoje foi sobre o livro "As Seis Lições", de Ludwig Von Mises, apresentado pela Pamela.

O livro é resultado de palestras dadas pelo autor na Argentina em 1958, transcritas em um livro que discute conceitos que podem parecer complexos (as seis lições são: capitalismo, socialismo, intervencionismo, inflação, investimento estrangeiro, política e idéias) de uma maneira simples e compreensível. Muitos dos conceitos tratados nele já foram temas de debate central dos encontros do CERC, tornando-o leitura altamente recomendanda aos participantes.

No evento de hoje, o grupo deu maior enfoque ao capítulo sobre Intervencionismo, tendo como temas premilinares os dois primeiros capítulos sobre Capitalismo e Socialismo. Abaixo temos um resumo destes e do que foi discutido.

Capitalismo: O autor inicia o livro quebrando o mito da miséria e desigualdade social criada pelo sistema capitalista: antes de seu advento, o status social do homem permanecia intalterado durante toda sua vida, e 90% da população trabalhava no campo em extrema miséria. Ele apresenta exemplos sobre o conceito de que "O desenvolvimento do capitalismo consiste em que cada homem tem do direito de servir melhor e mais barato o seu cliente.". O capítulo termina dizendo que Marx errou, e que foi o capitalismo o responsável pela melhoria no padrão de vida das pessoas nos últimos 100 anos. "Quanto mais se eleva o capital investido por indivíduo, mais próspero se torna o país."

Socialismo: Sobre socialismo, Mises fala sobre a liberdade na sociedade, e sobre a falta dela em um sistema socialista. Mises enfatiza o fato de que seres humanos são imperfeitos, e que idéia de que o governo pode impedir as imperfeições dos humanos é falsa, pois ele mesmo é formado por humanos. Os homens são diferentes, e tem capacidades diferentes, e não deve caber ao Estado julgar qual o ofício de cada um ou que vantagens ou subsídios eles terão. A própria sociedade, ou consumidores, farão esse julgamento de forma mais eficiente. Nas suas palavras: "Liberdade na sociedade significa que um homem depende tanto dos demais como estes dependem dele.".

Intervencionismo: Nele, Mises segue o conceito básico de que o "melhor governo é aquele que menos governa", e de que o governo é muito útil para determinados fins, mas não para outros. Ele nega a atual existência de um mercado livre, chamando-o de, na verdade, uma "economia mista", onde o estado exerce o papel de gestor em alguns campos da economia. Ele também nega a possibilidade da existência de um terceiro sistema, que sendo equidistante do capitalismo e do socialismo, conservaria as vantagens e evitaria as desvantagens de um e de outro. O autor considera a produção de segurança como única função legítima do governo, e que todas as outras tem por objetivo restringir a supremacia dos consumidores.

O debate, mais uma vez, se dirigiu à qual seria o nível ideal de intervenção estatal na sociedade. Idéias contrárias à do autor sugerem que o Estado precisa corrigir as irregularidades do mercado, como controle de cartéis ou prover condições básicas para a vida humana em casos de extrema desigualdade econômica. Porém, defensores de Mises argumentam que o que leva ao cartel é a própria intervenção governamental, na medida em que ele isola o mercado interno, elevando o preço da mercadoria, possibilitando a formação de cartéis pelos produtores nacionais. Ainda argumentam que o cartel sempre será quebrado a longo prazo, pela entrada de novos concorrentes mais eficientes dipostos a enfrentá-lo ou da busca por meios alternativos pelos consumidores. Já para casos de extrema desigualdade, argumentam que seria mais sensato os 90% do topo da escala social decidir quanto será dado aos 10% de baixo, livremente, via atos de caridade, do que 80% do meio decidir, via coerção, quanto será dado dos 10% de cima aos 10% de baixo. Também argumentam que estes pressupostos de "correção" do sistema são sempre os argumentos mais fortes para o estabelecimento de regimes socialistas autoritários.

O livro pode ser visto, na íntegra, pelo próprio site do Ludwig Von Mises Institute, pelo link: http://www.mises.org/etexts/ecopol.asp