segunda-feira, 1 de junho de 2009

Encontro 20 de maio

Presentes: Luiza, Júlio, Bruno, Anthony, Joana, Pamela, Tales, Pedro

O evento de hoje foi sobre o livro "As Seis Lições", de Ludwig Von Mises, apresentado pela Pamela.

O livro é resultado de palestras dadas pelo autor na Argentina em 1958, transcritas em um livro que discute conceitos que podem parecer complexos (as seis lições são: capitalismo, socialismo, intervencionismo, inflação, investimento estrangeiro, política e idéias) de uma maneira simples e compreensível. Muitos dos conceitos tratados nele já foram temas de debate central dos encontros do CERC, tornando-o leitura altamente recomendanda aos participantes.

No evento de hoje, o grupo deu maior enfoque ao capítulo sobre Intervencionismo, tendo como temas premilinares os dois primeiros capítulos sobre Capitalismo e Socialismo. Abaixo temos um resumo destes e do que foi discutido.

Capitalismo: O autor inicia o livro quebrando o mito da miséria e desigualdade social criada pelo sistema capitalista: antes de seu advento, o status social do homem permanecia intalterado durante toda sua vida, e 90% da população trabalhava no campo em extrema miséria. Ele apresenta exemplos sobre o conceito de que "O desenvolvimento do capitalismo consiste em que cada homem tem do direito de servir melhor e mais barato o seu cliente.". O capítulo termina dizendo que Marx errou, e que foi o capitalismo o responsável pela melhoria no padrão de vida das pessoas nos últimos 100 anos. "Quanto mais se eleva o capital investido por indivíduo, mais próspero se torna o país."

Socialismo: Sobre socialismo, Mises fala sobre a liberdade na sociedade, e sobre a falta dela em um sistema socialista. Mises enfatiza o fato de que seres humanos são imperfeitos, e que idéia de que o governo pode impedir as imperfeições dos humanos é falsa, pois ele mesmo é formado por humanos. Os homens são diferentes, e tem capacidades diferentes, e não deve caber ao Estado julgar qual o ofício de cada um ou que vantagens ou subsídios eles terão. A própria sociedade, ou consumidores, farão esse julgamento de forma mais eficiente. Nas suas palavras: "Liberdade na sociedade significa que um homem depende tanto dos demais como estes dependem dele.".

Intervencionismo: Nele, Mises segue o conceito básico de que o "melhor governo é aquele que menos governa", e de que o governo é muito útil para determinados fins, mas não para outros. Ele nega a atual existência de um mercado livre, chamando-o de, na verdade, uma "economia mista", onde o estado exerce o papel de gestor em alguns campos da economia. Ele também nega a possibilidade da existência de um terceiro sistema, que sendo equidistante do capitalismo e do socialismo, conservaria as vantagens e evitaria as desvantagens de um e de outro. O autor considera a produção de segurança como única função legítima do governo, e que todas as outras tem por objetivo restringir a supremacia dos consumidores.

O debate, mais uma vez, se dirigiu à qual seria o nível ideal de intervenção estatal na sociedade. Idéias contrárias à do autor sugerem que o Estado precisa corrigir as irregularidades do mercado, como controle de cartéis ou prover condições básicas para a vida humana em casos de extrema desigualdade econômica. Porém, defensores de Mises argumentam que o que leva ao cartel é a própria intervenção governamental, na medida em que ele isola o mercado interno, elevando o preço da mercadoria, possibilitando a formação de cartéis pelos produtores nacionais. Ainda argumentam que o cartel sempre será quebrado a longo prazo, pela entrada de novos concorrentes mais eficientes dipostos a enfrentá-lo ou da busca por meios alternativos pelos consumidores. Já para casos de extrema desigualdade, argumentam que seria mais sensato os 90% do topo da escala social decidir quanto será dado aos 10% de baixo, livremente, via atos de caridade, do que 80% do meio decidir, via coerção, quanto será dado dos 10% de cima aos 10% de baixo. Também argumentam que estes pressupostos de "correção" do sistema são sempre os argumentos mais fortes para o estabelecimento de regimes socialistas autoritários.

O livro pode ser visto, na íntegra, pelo próprio site do Ludwig Von Mises Institute, pelo link: http://www.mises.org/etexts/ecopol.asp

Um comentário:

Anita. disse...

Verdadeira a afirmação de que essas "correções" por parte do Estado abrem caminho para regimes autoritários.
Alías, o espectro ditatorial nos ronda ultimamente...
Esse artigo trata bem do assunto:
http://www.imil.org.br/artigos/tentacoes-populistas/